Eu não falo inglês tão mal assim. Mas bastou chegar à terra da Rainha para ver que também não falo assim tão bem. O imperialismo norte-americano arruinou meus anos de estudo em um instituto britânico, me ensinando a falar tudo da maneira como eles não falam por aqui. Aprendi muito mais a falar com os personagens dos filmes e seriados que inundam e destroem a cultura e a identidade nacionais do que com minhas queridas professoras da Cultura Inglesa. O fato é que, mesmo estando aqui há quase um ano, às vezes não entendo absolutamente nada do que as criaturas estão tentando dizer. Bem como nem sempre entendem meu maravilhoso sotaque plural, que mistura entonações do português, do francês, do inglês falado nos EUA e até do espanhol que se habla en Chile. Outro dia, voltando do supermercado, andava na rua conversando - em inglês - com roomate e uma mulher nos parou para perguntar se éramos italianas. Ok. Nosso sotaque é tão exótico a ponto de atrair a atenção de pessoas aleatórias no meio da rua.
O consolo é que, no caldeirão cultural que é Londres, existem sotaques de todos os tipos e formas, como o do proprietário do nosso apartamento, o turco, que fala em inglês como se pertencesse a uma tribo indígena, sem verbos conjugados e tal. É um drama a nossa comunicação. Especialmente ao telefone. Falar ao telefone aqui é o verdadeiro drama, não há nada que eu odeie mais. Porque, ao vivo, a leitura labial muito te ajuda a entender o que as pessoas dizem. Pelo telefone, é um verdadeiro exercício de imaginação. Quando procurávamos apartamento, roomate e eu brigávamos para ver quem seria a próxima a telefonar. A cada ligação, éramos recebidas com um sotaque diferente (e há vários, aqui, além dos estrangeiros, do norte de Londres, da Irlanda, da Irlanda do Norte, da Escócia, cada um mais difícil de entender do que o outro). Para marcar uma visita ao apê, era diversão pura. O cara dizia o nome da rua. A gente não entendia nada. "Você pode soletrar, por favor?". A gente continuava sem entender nada. A solução era tentar adivinhar quais letras ele estava dizendo e depois checar no Google. O resultado da brincadeira foi que nos perdemos ao menos duas vezes.
Eu, que sempre achei super glamouroso o sotaque britânico, já não vejo mais tanta graça assim em falar como se houvesse uma bola de tênis em sua boca. O bom é que estou ficando cada vez melhor em decifrar sotaques e só sofro mesmo para falar ao telefone. Mas é engraçado ver como algumas pessoas, ao notarem que você não é daqui, se esforçam para se fazer entender. Hoje mesmo, estava saindo de casa de manhã, quando dou de cara com um senhor no corredor. Ele vem me dizer que é pai do nosso vizinho e que vai lavar o lado de fora do apartamento do filho, será que eu me importo se ele lavar o nosso também? Diante da minha cara de quem não tava entendendo nada, ele começou a fazer gestos com as mãos, simulando uma lavagem de janela. Eu tinha entendido, moço. Só fiquei sem reação porque não entendi porque diabos alguém quereria lavar a janela do apartamento de pessoas desconhecidas. Mas tudo bem, fique à vontade.
O consolo é que, no caldeirão cultural que é Londres, existem sotaques de todos os tipos e formas, como o do proprietário do nosso apartamento, o turco, que fala em inglês como se pertencesse a uma tribo indígena, sem verbos conjugados e tal. É um drama a nossa comunicação. Especialmente ao telefone. Falar ao telefone aqui é o verdadeiro drama, não há nada que eu odeie mais. Porque, ao vivo, a leitura labial muito te ajuda a entender o que as pessoas dizem. Pelo telefone, é um verdadeiro exercício de imaginação. Quando procurávamos apartamento, roomate e eu brigávamos para ver quem seria a próxima a telefonar. A cada ligação, éramos recebidas com um sotaque diferente (e há vários, aqui, além dos estrangeiros, do norte de Londres, da Irlanda, da Irlanda do Norte, da Escócia, cada um mais difícil de entender do que o outro). Para marcar uma visita ao apê, era diversão pura. O cara dizia o nome da rua. A gente não entendia nada. "Você pode soletrar, por favor?". A gente continuava sem entender nada. A solução era tentar adivinhar quais letras ele estava dizendo e depois checar no Google. O resultado da brincadeira foi que nos perdemos ao menos duas vezes.
Eu, que sempre achei super glamouroso o sotaque britânico, já não vejo mais tanta graça assim em falar como se houvesse uma bola de tênis em sua boca. O bom é que estou ficando cada vez melhor em decifrar sotaques e só sofro mesmo para falar ao telefone. Mas é engraçado ver como algumas pessoas, ao notarem que você não é daqui, se esforçam para se fazer entender. Hoje mesmo, estava saindo de casa de manhã, quando dou de cara com um senhor no corredor. Ele vem me dizer que é pai do nosso vizinho e que vai lavar o lado de fora do apartamento do filho, será que eu me importo se ele lavar o nosso também? Diante da minha cara de quem não tava entendendo nada, ele começou a fazer gestos com as mãos, simulando uma lavagem de janela. Eu tinha entendido, moço. Só fiquei sem reação porque não entendi porque diabos alguém quereria lavar a janela do apartamento de pessoas desconhecidas. Mas tudo bem, fique à vontade.