quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Pequena grande alegria


Ontem teve show do Little Joy, a nova banda do Rodrigo Amarante, ex-Los Hermanos e/ou a nova banda do Fabrizio Moretti, ex-Strokes, aqui em Londres, num lugar chamado Dingwalls, em Camden. Eu, que nem sei mais direito o que é sair de casa, pois passo por um regime de hibernação pré-entrega da dissertação, fui com roommate e amigo argentino. Passo também por uma fase de relativo abandono, pois a maioria dos meus amigos já voltaram para os respectivos países de origem. Mas não é que encontrei a meia dúzia de pessoas que conheço nessa cidade cinzenta, assim, de bobeira, sem combinar? Como alguém falou, tava parecendo o Baixo Gávea – tirando o frio e a cerveja a 3,50 pounds.

Eu comprei ingresso em dezembro, meio por acaso, quando tinha acabado de conhecer a banda e entrei no MySpace deles. As entradas esgotaram rapidinho e ontem estava lotado de brasileiros na porta do lugar, acreditando que haveria um montão de cambistas, estilo porta do Circo Voador. Não foi bem o caso, mas alguns sortudos, incluindo um amigo meu, conseguiram entrar de graça, pedindo na cara de pau pro Amarante, que fumava sob a chuva. Ele decretou que iria colocar sete pessoas lá dentro. E assim foi feito.

O público estava bem dividido: muitos brasileiros, mas muitos britânicos também. Houve uma banda de abertura, bem chatinha, um rock adolescente meio sem personalidade, chamada Dead Trees ou Dead Flowers. Eu tava no bar quando vi Amarante entrando pela porta principal do bar, sem ninguém para importuná-lo, bem diferente do que aconteceria no Brasil. Eles subiram ao palco às 21h30, e rolou uma mini-ovação-Los-Hermanos-style enquanto afinavam os instrumentos. Vários uhus e roomate que gritava ao meu lado “Amarante gostoso”, “I Love Brasil”, “I Love Lula”, “I Love Xuxa” e “Uh, Los Hermanos” com o único intuito de me deixar envergonhada.

A galera deixa o palco e Amarante volta sozinho, para cantar “Evaporar”, a única música toda em português da banda. Não houve uma vaia sequer, contrariando previsões surtadas. Pelo contrário, fez-se silêncio para ouvir a voz do Ruivo, com algumas pessoas fazendo um coro tímido. Ele estava radiante – é essa a palavra – riu o tempo inteiro, falou e brincou com a platéia, agradeceu um milhão de vezes. Lembrava pouco o cara sério, frio e arrogante dos últimos shows dos Hermanos. Um tanto quanto deslumbrado com esse sucesso internacional.

Fabrizio, o meio-brasileiro-meio-americano dos Strokes, foi bem simpático, tirando uma ondinha de rockstar e falando “fuck” a cada dois segundos. “Can I fucking say one fucking thing? You are the best fucking audience that this fucking band has ever fucking had”. Por aí. A Binki Shapiro, loirinha sem graça namorada dele, que pra mim só está na banda por causa disso, usava sapatos de boliche e tocava uns instrumentos tipo pianinho e trompete de criança.

O show foi bem curto, mas acho que rolaram todas as músicas do disco, incluindo uma nova e um cover de Paul McCartney, e fechando com Brand New Start e a parte brasileira da platéia dançando. Para finalizar, roomate, não satisfeita com os gritos, quis tirar uma foto com Amarante, que estava incrivelmente solícito, respondendo a perguntas surreais de pessoas sem noção do tipo “O Marcelo Camelo pertence ao IMA?”, sem que ele fizesse idéia a que se referia o cara que indagava. Ela falou em espanhol, “sacar una fotita”, e ele ficou todo empolgadinho, perguntou de onde ela era, e, depois de ouvir a resposta (Chile), abraçou-a e apertou-a, me ignorando solenemente, afinal fã brasileira é bem mais caído.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Uma vida sem gavetas

As revistas estão sempre nos dizendo para abrir mão de supérfluos, doar roupas que não usamos mais, fechar a torneira enquanto escovamos os dentes, aproveitar os restos dos alimentos... Pois eu resolvi dar minha contribuição à humanidade levando uma vida sem gavetas. Isso mesmo. Ontem, arrumando a casa, me toquei que não tenho umazinha sequer no meu quarto londrino. E quem disse que sou menos feliz por causa disso?

É perfeitamente possível viver sem gavetas, basta libertar-se dessa ditadura pós-moderna da organização. Porque esconder nossos pertences se podemos colocá-los em cima do armário, deixando tudo à vista, afinal, como O Tchan já cantava, tudo que é bonito é pra se mostrar? Secador de cabelo, mochila, remédios, creme hidratante, carregador de celular, farinha para os amigos, tá tudo ali (quase) ao alcance da mão, para quem quiser admirar.

Porque acreditamos que há apenas duas maneiras de se guardar roupas: penduradas ou dobradas dentro de uma gaveta? É hora de quebrar paradigmas, forrar o chão do armário com um plástico e empilhar camisas, casacos e calças, aliando beleza à praticidade: nada mais fácil do que pegar uma roupa no meio da pilha sem desarrumar o resto. Carrie Bradshaw ficaria com inveja.

E quem inventou que meias precisam de gavetas próprias? Sacos plásticos no topo da pilha de roupa resolvem o problema. Os sapatos vão para debaixo da cama, os papéis permanecem em cima da escrivaninha e assim cria-se um ambiente de total harmonia para Feng Shui nenhum botar defeito. Aposto que ele diz que gavetas atrapalham a vida, fazendo com que a gente perca coisas, permitindo que as pessoas escondam suas bagunças e vivam uma vida de falsas aparências, arrumadinhas por fora e zoneadas por dentro. Não! Eu levo uma vida transparente ! Por pura opção. Nada a ver com o fato de, ao escolher os quartos na casa nova, ter caído justamente naquele cujo armário não tinha gaveteiro.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sex in the city

Já era pra eu ter postado isso bem antes, mas não deu. É que voltei a escrever no "Solteiros e Solteiras". A quem interessar possa, basta clicar aqui.